quarta-feira, 31 de outubro de 2012

31/10- Caso Dorothy: policial inocenta fazendeiros

Em depoimento nesta terça-feira (30) à Justiça do Pará, o policial federal Fernando Luiz da Silva Raiol, trouxe uma nova versão sobre o assassinato da missionária Dorothy Stang.

Em depoimento, o policial inocenta Vitalmiro Moura e Regivaldo Galvão e alega que os dois foram condenados injustamente. Segundo ele, existiu um consórcio, não para matar a missionária, mas para os produtores protegerem seus lotes, e que um delegado da Polícia Civil teria fornecido armamento para os posseiros.

A versão do depoente é de que o INCRA entregaria ao Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS), coordenado pela irmã, a área de terra onde estaria assentado Raifran das Neves, e este se sentia ameaçado por Dorothy. A audiência durou menos de uma hora, sob a presidência do juiz Raimundo Flexa, que avaliará as declarações do depoente para adotar a decisão que julgar apropriada.

Logo após a audiência o policial, que cumpre prisão domiciliar e recorre de sentença condenatória da Justiça Federal, por crimes de extorsão, cárcere privado e concussão, contou que se considerava 'muito amigo' da missionária, por ter sido coordenador de sua segurança. Ele disse aos jornalistas que estava prestando esses esclarecimentos em memória da missionária, que sempre lutou por Justiça, e também afirmou que à época teria procurado as autoridades para prestar essas informações e não foi ouvido.

O depoimento do policial aconteceu na presença do promotor de justiça Edson Souza, representante da Promotoria do Júri, e dos advogados Dorivaldo Belém e Arnaldo Lopes, o último, advogado de defesa de Vitalmiro Moura, que requereu a ação cautelar de justificação para ouvir o agente federal.

Lopes explicou que o depoimento do policial, caso seja deferido, servirá de elementos da revisão criminal que pretende ajuizar para anular a condenação do fazendeiro.  O mesmo pedido o advogado fez em relação ao fazendeiro Regivaldo Galvão, sendo indeferido pelo juiz, já que o fazendeiro está recorrendo ainda da sentença condenatória, em outra instância.

Segundo o promotor de justiça, alguns dos fatos narrados pelo policial, já são conhecidos da Justiça. Edson Souza considerou que o advogado de defesa dos fazendeiros está querendo criar um fato novo para anexar à revisão criminal que pretende ingressar. Ele disse que à época o agente, por ser um policial e conhecer 'o tripé que forma a Justiça - Judiciário, Ministério Público e Advogados, não procurou as autoridades e só agora apresenta esses fatos.

Entenda - A missionária foi executada em 12 de fevereiro de 2005, em Anapú, município de Altamira, atingida por seis tiros. Dorothy vivia há 20 anos na região, atuando no trabalho com camponeses e na luta contra grileiros de terras.

Foram condenados pelo crime Raifran das Neves Sales, Clodoaldo Batista, Amair Feijoli Cunha, e Vitalmiro Bastos de Moura. Regivaldo Pereira Galvão, após ser submetido a júri foi condenado e está recorrendo, em liberdade, da sentença condenatória em instância superior.


Fonte: Portal ORM
Com informações do TJE-Pará