sábado, 6 de abril de 2013

06.04- Caso Luane: corpo de criança deverá ser exumado

Caso Luane: corpo de criança deverá ser exumado
Pais afirmam que morte foi causada por negligência médica
 

Santarém - Quase um ano após a morte da menina Luane Caroline, de 5 anos, o inquérito que apura as circunstancias da morte da criança ainda não foi concluído. A Justiça determinou que a Polícia Civil de Santarém dê andamento as investigações e o corpo da criança deverá ser exumado.


Diante da demora e da falta de respostas para o caso, os pais da menina pedem providências. O receio da família é que a morte da menina se torne apenas mais um número na estatística de casos não resolvidos no país.



Luane Caroline morreu no dia 16 de abril de 2012. Consta no Boletim de Ocorrência, registrado pelos pais da criança, que o médico Rodrigo Chahine foi negligente no atendimento dado a menina. Consta ainda que um técnico de enfermagem teria cometido um erro e aplicado óleo mineral na veia da criança, versão que na época foi contestada pela equipe técnica de enfermagem, que prestou depoimento ainda ano passado. “O Rodrigo e o Edgard Bueno. O delegado pediu duas vezes que eles fossem lá [delegacia] e eles não foram. Eu acho que está errado isso aí. Se fosse outra pessoa, na terceira vez, o delegado tem que mandar uma diligência buscar”, lamentou o pai da criança.

 
Luane Caroline tinha 5 anos e morreu no dia 16 de abril de 2012. Os pais alegam que houve negligência médica (Foto: Arquivo Pessoal)
 
 
O pai da menina não se conforma com a demora nas investigações (Foto: Reprodução/TV Tapajós)


A denúncia também foi feita no Ministério Publico do Estado e no Conselho Regional de Medicina, mas nenhuma resposta foi dada a família. A demora da Justiça em dar uma reposta e o sentimento de impunidade só aumenta a dor da família. “Tristeza, revolta. Ver a minha filha falecer e até agora não acontecer nada, porque são médicos envolvidos”, lamenta Ladilson.

A advogada do caso, Duciomara Cunha, conta que ainda no mês de novembro entrou com um pedido junto ao Ministério Publico porque o inquérito policial ainda estava com várias pendências. “Ela faleceu em abril, foi feito um B.O [Boletim de Ocorrência] e até em novembro esses médicos ainda não tinham sido ouvidos”, argumentou. Ela também culpou o Hospital Sagrada Família por não ter aberto um procedimento interno para descobrir e esclarecer os fatos. “Até o presente momento, ainda não temos conhecimento disso. Isso que foi detectado durante o inquérito que essa criança, dentro do hospital recebeu via intravenosa óleo mineral e não via oral e a Sagrada Família em nenhum momento se manifestou a respeito disso”, disse.

O diretor do Hospital Sagrada Família, Kalebe de Souza, informou que ninguém pode ser punido porque o inquérito ainda não foi concluído. “Não ainda nenhuma finalização, nenhuma definição em relação a responsabilidade de A ou de B. Não há nenhum motivo para fazer com que esse profissional deixe de atender. Ele é muito bem vindo no hospital. A sua clientela também. Então, continuamos tendo o doutor Rodrigo como médico integrante do nosso corpo clínico. Os procedimentos necessários para a apuração do caso foram providenciados, os documentos foram encaminhados na sequência dos fatos para a delegacia, a cópia do prontuário, para o Ministério Público Estadual e para o Conselho Regional de Medicina”, explicou.

A produção da TV Tapajós entrou em contato com os médicos envolvidos no caso. O médico Rodrigo Chahine não quis gravar entrevista, mas enviou esclarecimentos por escrito. No texto, o médico afirma que Luane Caroline apresentava quadro infeccioso grave indicado no laudo da tomografia. Rodrigo Chahine também se refere à formação universitária, afirmando que tem especialização em pediatria certificada pela Universidade Federal do Pará. Em outro trecho, o médico destacou que prescreveu a medicação para a criança com base no tratado brasileiro de pediatria. No fim da nota, diz compreender o sentimento de perda da família.

 
Médico Rodrigo Chahine (Foto: Arquivo/TV Tapajós)


Confira a nota na íntegra
Cumpre-me informar que a menor Luane Caroline Vinholte Campos apresentava o quadro infeccioso grave conforme laudo da tomografia: otomastoidite crônica à direita. Sou médico formado pela Universidade Federal do Pará, com especialização em pediatria pela mesma universidade. A dose das medicações, bem como os antibióticos de escolha foram feitos com base no tratado brasileiro de pediatria. Compreendo o sentimento da família por mim, pois trata-se de uma perda irreparável. Aproveito a oportunidade para expressar meu elevado e distinto pesar.

 
Nota emitida pelo médico esclarecendo sobre o assunto (Foto: Reprodução/TV Tapajós)


O médico Edgar Bueno, que foi o primeiro a atender a criança, aceitou falar com a reportagem e deu sua versão para os fatos. “Eu fui notificado para comparecer na delegacia. No dia em que compareci, o delegado estava viajando. Foi marcado para outra data, na semana seguinte, e fui saber por conta do advogado que o processo tinha sido enviado para Belém por ordem do juiz e que ele, depois, voltaria para desenvolver os procedimentos que era para serem feitos naquela época”, explicou.

O Ministério Público do Estado ingressou com um pedido à Justiça para que o caso fosse retomado e concluído. Atendendo à solicitação, o titular 4ª Vara, Paulo Evangelista, determinou que a Polícia Civil de Santarém continue as investigações e ouça os dois médicos que atenderam a menina. A Justiça também determinou a exumação do corpo da criança.

Por telefone, o delegado responsável pelo caso, Jamil Casseb, informou que já recebeu a autorização da Justiça para ouvir os médicos Edgar Bueno e Rodrigo Chahini, mas como essa semana houve muitas ocorrências e todos os delegados estavam envolvidos, ele não teve tempo de verificar o caso. O delegado disse ainda que até o final da semana que vem, ouvirá todos os envolvidos.

Fonte: Portal Notapajos

Nenhum comentário:

Postar um comentário