SÃO PAULO, 2 Fev (Reuters) - Nascida em São José dos Campos, Fernanda Andrade vai completar 28 anos no dia 8 de março, mas já recebeu seu presente antecipadamente: o filme "A Filha do Mal", sua estreia para valer no cinema, como protagonista, já faturou 52 milhões de dólares nos Estados Unidos, resultado nada desprezível para uma produção de baixíssimo orçamento.
Mas ela não recebeu os parabéns dos críticos norte-americanos. Nada contra Fernanda, uma morena de beleza mediana que vive nos Estados Unidos desde a adolescência. O problema é o filme, que custou apenas 1 milhão de dólar e quase não tem qualidades para serem destacadas.
O sucesso de público de uma produção tão modesta em orçamento e qualidade - que surpreendeu até os produtores -, deveu-se a uma estratégica de marketing que já havia sido utilizada em filmes do gênero, como "A Bruxa de Blair" (1999), filmado com câmera na mão e imagens tremidas, criando uma tensão psicológica mais forte do que as imagens exibidas.

Não importa que a opinião dos espectadores ao final da projeção seja negativa, porque o efeito viral levará ainda mais pessoas aos cinemas. O filme estreou nos EUA na primeira semana do ano e faturou 34,5 milhões de dólares, desbancando as pirotecnias de "Missão Impossível" e o carisma de Tom Cruise. No Brasil, o efeito poderá ser semelhante.
A história é bem simples. Fernanda é Isabella Rossi, cuja mãe, Maria, se encontra internada numa instituição para doentes mentais na Itália. Dez anos antes, quando Isabella tinha 8 anos, a mulher matou três pessoas, incluindo um padre, durante uma sessão de exorcismo para livrá-la de vários demônios que faziam fila para ocupar seu corpo. Desde então, vive confinada no manicômio.
Querendo desvendar o que de fato ocorrera com sua mãe no passado, Isabella começa a participar de um documentário que vai resgatar a história de Maria. Esse documentário é o próprio filme, rodado com a mesma câmera na mão de "A Bruxa de Blair", utilizando as deficiências técnicas para intensificar o clima claustrofóbico que toma conta dos personagens à medida que a trama avança.
Isabella faz contato com jovens padres exorcistas, que se dedicam à atividade à revelia do Vaticano, e lhes conta a história da mãe. Interessados, eles passam a investigar os fenômenos, sem saber que também correrão riscos.
Quem assistiu a "O Exorcista" (1973) e se impressionou com os efeitos especiais que desfiguraram Linda Blair não verá nada de extraordinário em "A Filha do Mal", além de algumas demonstrações de contorcionismo das atrizes possuídas. Nem mesmo as caretas se comparam às provocadas pelo diabo no filme de William Friedkin. Mesmo o diabo, quase 40 anos mais velho, parece não assustar mais ninguém.
(Por Luiz Vita, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb